sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Aconteceu em aula - Episódio engraçado e constrangedor!


Eu sempre investi no lúdico nas minhas aulas, principalmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois isso estimula as crianças, que aprendem mais rápido numa aula descontraída. Além do mais, estas brincadeiras estimulam a criatividade deles, complementando a aula de Arte!

Pois eis que na aula de hoje eu trabalhei ensinando dobraduras. Aviões e navios de papel, mais precisamente, para desenvolver a coordenação motora deles. No final também pintamos nossas criações relembrando os conteúdos de cores primárias e secundárias, formando uma esquadra e uma esquadrilha verdadeiramente coloridas!

No entanto, em um dado momento da aula um aluno veio a passos firmes na direção da minha mesa, com as mãos para trás escondendo sua criação fora da proposta. Chegou em mim com carinha de valente, orgulhoso, revelando agora que empunhava uma espadinha de papel! Um trabalho realmente bacana, inspirado no joguinho MINECRAFT! Achei o máximo e já ia começando a elogiar a iniciativa quando ele fez um gritinho de guerra e me atacou repentinamente com uma estucada bem no pescoço... Um golpe certeiro que automaticamente correspondi improvisando um "Urgh" e caindo "morto" com a cabeça para o lado, de olhos fechados, numa interpretação para lá de tragicômica. Foi fatal!

Os alunos na volta da mesa se divertiram muito rindo das nossas atuações propositalmente pobres e caricatas, mas como sempre logo começaram a me cutucar numa mal sucedida tentativa de "ressuscitação". Continuei me fingindo de morto por alguns segundos e eles riram ainda mais, como previsto. Adoram essa brincadeira! Mas foi mais ou menos nesse momento que ouvi a voz da diretora... Aquilo me fez abrir os olhos rápido, incrédulo, e ela realmente estava na porta da sala de aula, de pé, me olhando sem entender nada! Queria perguntar se um aluno poderia sair mais cedo com os pais...

Vejam só, que azar o meu! Será que ela entendeu? Meu constrangimento foi visível, mas para os pequenos nada tinha acontecido. Hahahahahah

Enfim, o dia em que o professor morreu - de vergonha! Semana que vem tenho que passar na sala dela para explicar a cena inusitada!

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O excesso de tinta no trabalho de crianças de anos iniciais.

Mesmo depois de muita instrução, nesta semana um aluno veio me mostrar uma pintura cujo papel suporte estava amolecido, tamanha a quantidade de tinta que ele havia utilizado! Assim, arriscando uma estratégia lúdica, acabei apostando com ele que conseguiria fazer uma pintura inteira só com o excesso de tinta do seu trabalho. O garoto aceitou o desafio, é claro. Eis o resultado!

A tinta rendeu e ele entendeu a mensagem!
:D

P.S. 
Esta falta de noção de proporção e quantidade é muito comum nos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, e por isso também o ensino de Arte é extremamente importante nesta fase do desenvolvimento da criança.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Paula Fernandes e a "fábula tupiniquim" em seu novo videoclipe...
Eis que, enquanto tanta gente luta, empenhada em desconstruir conceitos e preconceitos, fazendo de tudo para romper com o domínio histórico do machismo, a Paula Fernandes aparece lançando um novo trabalho inteirinho dentro do velho clichê do conto de fadas, com a princesa na carruagem, caindo de amor pelo cavaleiro encantado... Não basta a ditadura da beleza das que "descem e rebolam", e o pegajoso "Show das Poderosas".

Isso é cultura, isso é informação. Isso tem influência e forma opinião!

sábado, 27 de julho de 2013

Mídia tendenciosa, um problema da alçada do professor de Artes?


Além da expressão, conhecimento e fruição artística, cabe a nós, professores de Ensino de Arte trabalhar também a leitura de imagem e a criticidade dos nossos alunos. Estes são elementos fundamentais para a emancipação dos indivíduos para o exercício da cidadania. Não só no âmbito da cultura, precisamos formar pessoas não-passivas na leitura de imagens cotidianas, que não venham ser meros receptadores passivos de informação, aceitando tudo que lhes dão como verdade e comprando tudo que a última propaganda mostrar.

Nesse sentido, trago este vídeo impressionante que acabei de descobrir e que, com certeza, trabalharei em aula. Um exemplo gritante e lamentável da tendenciosidade da mídia do nosso país, que se arrasta por décadas, cambaleando aliada aos políticos e poderosos a serviço de seus próprios interesses. A mídia que temos hoje é muito diferente dessa? A mídia que privilegia a cobertura da milionária visita do papa e simplesmente ataca e incrimina todas as manifestações por causas sociais é diferente desta, do período do regime militar? Quando vamos mudar este cenário? Quando a cortina positivista da "Ordem e Progresso" vai cair e escancarar este país roubado e desigual?

Abaixo a Rede Globo, a Rede Record, a SBT, etc. Abaixo o festival de mentiras da TV aberta! Chega de jornalismo tendencioso! Abaixo a burrice de Raquel Sherazade, o preconceito de Boris Casoy e a arrogância reacionária de William Bonner, William Waack, Sandra Annenberg e tantos outros mais! Chega de ignorância e senso comum! Nós podemos mais! Não deixemos que os âncoras de telejornal ancorem também a verdade, prendendo nosso povo no domínio da mentira e da manipulação dos fatos! Nós podemos mais!

Nós professores temos o poder de fazer isso acabar! Não podemos perder esta oportunidade!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O quê Histórias em Quadrinhos tem a ver com câncer?

Com um recipiente destes o soro do tratamento vira super-fórmula!
Já faz uns bons anos desde a última vez em que passei uma manhã jogado no sofá da minha mãe assistindo desenhos animados na TV. Hoje, nem mesmo tenho TV em casa, mas ainda lembro com saudosismo dos desenhos e super-heróis da "minha época". Principalmente porque eles continuam na minha vida, mais do que nunca, diariamente na escola. De uma maneira ou de outra eles estão por toda parte, nos bonés, mochilas, estojos, lápis, cadernos, camisetas e até na ponta do meu lápis, quando alguém pede um desenho expresso e não resisto em sair rabiscando o milésimo Batman do ano. Por isso fiquei feliz em ler esta notícia e assistir o vídeo. Embora hoje os pobres heróis só façam sucesso no cinema, longe das folhas cheirosas das revistinhas - que hoje também já não são baratas como antes - eles ainda funcionam! Isso é renovação! E contra um vilão tão poderoso!

É claro que não podemos nos esquecer que os super-heróis também são um produto e devemos respeitar os limites saudáveis de consumo, mas eles também tem poder para o bem e tenho certeza que o tratamento dessas crianças vai passar mais rápido e menos traumático dessa maneira, com a ajuda do lúdico, na pessoa destas personagens que nos lembram que desafios só existem para serem superados.

Vida longa aos caras de grandes poderes e responsabilidades e a todos os super heróis e heroínas que se inspiram neles e todos os dias enchem nossas salas de aula de ação, aventura e vontade de fazer o bem! A Mulher Maravilha e vários destes malucos de cueca por cima das calças começaram suas carreiras ainda nos anos 40 e daqui há pouco terão 100 anos de idade, mas a receita é boa e espero que consigamos sempre visitar um museu cheio de belas novidades e super-poderes inspiradores!

O nosso limite é o da nossa criatividade, estimule a dos seus alunos!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ironia e injustiça.


Esta é uma "Ponte com pôr do sol" de uma aluna do 4° ano do Ensino Fundamental... Quando ela me mostrou a pintura, como se fosse nada, eu fui tomado por um impulso, passei na estante para pegar livros dos mestres impressionistas e levei-a para o sol, na porta da sala, para explicar algumas coisas enquanto o trabalho secava. O detalhe disso tudo, e minha maior responsabilidade, é que essa aluna tem um problema que vai fazer com que ela perca totalmente a visão em alguns anos. E aí, o quê fazer? Ela é uma dessas poucas pessoas que já nasce e se desenvolve com esse gosto e talento para desenhar e pintar, não é injusto? Me dói só de pensar, pois eu sei o que ela sente, eu também desenhei desde criança, e curiosamente também fui uma criança que tinha medo de ficar cego, e entrava em pânico com qualquer acidente que machucasse o meu olho...
Enfim, eu mostrei Manet e Turner, e enquanto falava, quase que não consegui esconder minha tristeza. Espero que, ainda em tempo, eu consiga explicar para ela que a visão não necessariamente pode impedir uma pessoa de continuar desenhando. E torço para que ela, de fato, não desista.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sala de Artes, sala de expressão...




Esta é a "Sala de Artes" da escola pública municipal onde trabalho. A sala que divido com outros 6 colegas, e na qual tento operar milagres, todo dia. Mas por duas vezes ela já correu o risco de ser extinta! Agora temos que preencher uma ata de uso para provar à direção que utilizamos o espaço, senão ele vira sala de aula mesmo. E nas duas tentativas, o fechamento da sala quase ocorreu, graças ao argumento de cobrança da Secretaria Municipal de Educação, que era de que a escola precisava realizar mais matrículas; ter mais alunos! Mais e mais alunos, na mesma escola, sem melhoras na infraestrutura e destruindo os espaços que já existem! E a grande maioria das escolas nem sequer um espaço precário desses tem! Maravilha, não? Estes são os governos que fazem campanha prometendo investir em educação!

Por quê não constroem mais salas de aula? 
Por quê não constroem mais escolas? Pelotas não inaugura uma escola nova há anos! O máximo que o prefeito fez pela educação até agora foi aparecer em uma escola dirigida por Cargos de Confiança dele, para fazer pose para o jornal, pintando paredes com os alunos, e ainda deixou a ameaça velada de que eles tem que cuidar do patrimônio, senão não tem mais! Poxa, prover uma boa escola e condições de educação não é uma mera obrigação da prefeitura? Onde estão os novos investimentos? Ah! Os prefeitos estudam em escola privada, não sabem como é! Esqueci disso!

Isso sem citar o aumento dos módulos trabalhados pelos professores, a subtração de vantagens salariais e a persistência na mentira, que mantém Pelotas na vergonhosa lista dos municípios brasileiros que ignoram completamente a lei 11.738 e não pagam o PISO NACIONAL DO MAGISTÉRIO...


E as pessoas ainda se perguntam por quê nossos jovens não tem a pretensão de serem futuros professores!!!

sábado, 13 de julho de 2013

A arte do civilizado e a do selvagem

Fotografia de autor desconhecido, infelizmente.
"Existem homens selvagens, seres de essência quase indissociável da natureza e da arte, e aqueles que sofreram um processo de civilização, que vivem presos às suas posses, fronteiras e leis - que garantem a frágil manutenção do resto. Para os primeiros, a arte é uma coisa de/em todos e quase tudo, e que até tem função e espírito. Para os últimos, é algo que não pode servir para nada, e a que, às vezes, atribuem tamanha artificialidade que precisam perder tempo discutindo sua legitimidade, em complexos sistemas que só os "entendidos" entendem; e é comum perderem mais tempo discutindo do que produzindo e fruindo. Estes primeiros, os "selvagens", também veem a arte como algo sagrado, ou como um gesto expressivo dessa grandeza; para eles, arte é uma forma de atribuir valor, ou o valor em si próprio. Os últimos, conferem valor à arte, e a supervalorizam, assim como começaram a fazer com a terra - que não é deles - e é comum estarem dispostos a passar por cima de qualquer coisa para buscar e acumular mais destes "valores" - passam por cima até mesmo de suas próprias leis, e também da arte dos outros, dos outros e de si próprios.

E os selvagens, que não dominam todos os códigos dos civilizados, mal conseguem entender seus valores, costumes e artes, mas os civilizados, acadêmicos dominadores e criadores de muitos códigos, se dedicam e conseguem estudar, entender e valorizar a arte dos "selvagens", mas ao fazer isso, quase sempre transformam-a em posse e tiram-lhe a vida; e para esta arte morta, mumificada, transformada em mero objeto, constroem sofisticados cemitérios, que chamam de museus. E poucos são os filhos da civilização que, bem aventurados, conseguem reconhecer, admirar e fruir arte, de coração, sem para ela erguer um mausoléu."

...

Encontrei esta imagem nesta semana, pelo facebook, sem créditos, infelizmente, mas fica a reflexão: o "Guarani-Kaiowá" já saiu dos nomes das pessoas, na campanha feita nos profiles do facebook, mas e os 
Guarani-Kaiowá de verdade, lá do Mato-Grosso do Sul, como estarão? Tiveram suas reivindicações ouvidas? Ganharam o que lhes é de direito? Ou continuam na mesma, com a diferença de a mídia ter voltado seus olhos para polêmicas mais lucrativas?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CONAE - Vamos participar desta construção!


Ajude a construir!
Em fevereiro de 2014 ocorrerá a Conferência Nacional de Educação – CONAE. O colóquio possui caráter deliberativo e apresentará um conjunto de propostas que subsidiará a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), indicando responsabilidades, corresponsabilidades, atribuições concorrentes, complementares e colaborativas entre os entes federados e os sistemas de ensino.

O texto do Plano Nacional pode ser visto AQUI.

A programação visual e diagramação do arquivo são tão lindas quanto o conteúdo do texto. Nem parece ser projeto de um país como o Brasil, que tem um sistema de educação pública cuja desvalorização beira o literal sucateamento. Será toda essa beleza um indício de mudança de ponto de vista e de prioridades governamentais, ou é mais um mero "engana bobo" utópico para distrair os "tolos" que ainda sonham que educação deveria ser para todos?

Façamos um esforço para ajudar a construir este plano, colocando nele um pouco da nossa vontade, conhecimento e esperança!

Boa sorte, Brasil!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Protestos generalisados

Desenho no quadro branco - Paz.
"- Uma vez, professor, quando eu tava brincando e quebrei uma garrafa, um pedaço dela entrou no meu olho e o meu pai teve que me levar para o pronto-socorro, e lá eles me mandaram para Porto Alegre, bem longe! Eu podia ter ficado cego, professor, tu sabia?

- Sabia, sim, e é isso que o professor tá falando, que aquilo que a TV mostra não é tudo... Alguns quebraram vidros e queimaram ônibus, sim, mas a maioria daquelas pessoas protestando só está triste e quer que o governo cuide melhor da população e invista melhor o dinheiro dos nossos impostos. Entenderam? 
- Entendi! Vamos fazer os cartazes que tu falou, então, professor! Para a gente pedir hospital e uma escola melhor também! Vou fazer o meu bem grande e colorido!!!"

Este é um diálogo que aconteceu em um 2º ano do Ensino Fundamental! Essa semana falei com eles sobre as manifestações Brasil afora!

Graças à nossa mídia tendenciosa, eles achavam que todo manifestante é vândalo, e depois de deixar eles falarem, comecei a desconstruir alguns conceitos e explicar o contexto. Como eu esperava, eles só entenderam tudo quando o assunto chegou no SUS! Ninguém disse para eles que a passagem do transporte público não deveria ser cara e que a educação pública poderia ser muito melhor, mas da precariedade do SUS e do pronto-socorro todos eles sabem, pois ouvem as pessoas da família contando. Cada um tinha uma história triste para contar; desde perder a avó no corredor do PS até uma preocupação recente, de um aluno cujo pai sentiu uma dor forte no peito neste Domingo, e quando foi marcar um exame ficou com a consulta marcada para daqui alguns meses... Enfim, foram muitos relatos tristes, mas agora eles entendem que a maioria das pessoas nos protestos não eram vândalos, mas cidadãos descontentes com a má administração pública no nosso país. E agora eles querem protestar também! Serviço feito!

Fica a dica:
Não podemos deixar para falar de política para os nossos educandos depois que eles já forem adolescentes impacientes que aprenderam com o senso comum, com as pessoas erradas, que "Política é uma coisa chata"! Temos que começar cedo, falando francamente, de uma maneira que eles entendam e correspondam. Somos todos políticos, e é somente exercendo o seu poder democrático que o povo será atendido. Precisamos conscientizar o povo brasileiro!

terça-feira, 25 de junho de 2013

Realidades diferentes.

Projeto de escola primária sustentável de Vilhelmsro, na Dinamarca.
Enquanto nós temos escolas que parecem e funcionam quase como presídios, e ainda tentamos dedicar 10% do PIB para a educação, a Dinamarca pensa escolas sustentáveis! 

Outro mundo, outras prioridades! Ou outras prioridades, outro mundo?

Veja mais clicando AQUI.

Chegaremos lá?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O negro na história de Pelotas.

Escravo negro(?) empurrando mala sem alça da charqueada - Desenho de aluno 

Neste mês, nos preparando para a comemoração do aniversário da cidade de Pelotas, a coordenação do currículo do Colégio Municipal Pelotense organizou um passeio com os 4ºs anos para visitar a charqueada São João, uma das 40 que existiram às margens do arroio Pelotas. Lá, nada mais resta do fedor insuportável dos restos dos mais de 300 mil cabeças de gado abatidas por ano no ápice da produção do charque. Do sofrimento da escravidão, restam apenas algumas correntes e grilhões deteriorados, uma réplica de pelourinho/tronco e restos da senzala, que a rede Globo por ironia transformou em capelinha para gravar a série "A Casa das 7 Mulheres".

De todos os itens da charqueada, o que mais chamou a atenção dos alunos foi uma enorme mala sem alça antiga, muito maior que um baú. Para as crianças, em sua ingenuidade, tendo ouvido apenas a explicação superficial da guia turística do local, imaginar um escravo carregando aquela enorme mala foi uma das piores situações que conseguiram imaginar, depois de apanhar no tronco. Afinal, apanhar sempre é apanhar, mas imaginem carregar uma mala sem alça!

Hoje, em sala de aula, uma semana depois da visita, relembrei muitos detalhes e tentei contextualizar tudo, enfocando as dificuldades da vida do negro na charqueada. E a água fria do arroio, no inverno? E o perigo de morte por afogamento puxando a nado as Pelotas carregadas? E o sofrimento e os danos gravíssimos à saúde causados pelo trabalho intermitente com o sal, sem equipamento de proteção? E a violência psicológica? Quantas formas de opressão?

As crianças refletiram bastante, e melhoraram um bocado o real entendimento da história de Pelotas. Entenderam o que realmente acontecia nas charqueadas, financiando a "glória" e "opulência" que hoje exibimos aos turistas, sem tocar muito nos assuntos constrangedores. Para finalizar, perguntei quem deles tinha algum antepassado afrodescendente na família, e 90% da turma tinha! 90%!!!

Depois de toda essa reflexão, eles foram desenhar o que lembravam da charqueada, e não mais queriam representar apenas a beleza natural da paisagem. Mas ainda queriam desenhar a mala sem alça! E desenharam! E na hora de pintar o escravo, a maioria dos alunos brancos pintou o seu negro com o famigerado lápis "cor de pele"... Que pele é essa? Pele de quem? Ele não se deu conta de que a pele do escravo era negra, ou na confusão de se colocar no lugar daquele trabalhador escravo, acabou deixando escapar um pouco do seu "eu" na imagem desse "outro"? Distração ou empatia? Legal foi ver a cara deles quando eu perguntava se existia escravo branco nas charqueadas!

Para concluir, eu queria propor que no dia do índio, do orgulho negro, na semana da luta contra a homofobia, etc. você professor discuta as questões sociais com os seus alunos, sem medo, com maturidade. Eles são maduros o suficiente para terem conta no facebook, para namorar e para quererem andar por aí sem a companhia dos pais; saberão ser maduros para ouvir e encarar a verdade. E precisam muito disso! Neste caso do passado de escravidão do Brasil, acredite se quiser, alguns alunos negros não sabem o quê é "preconceito", "escravo", "afrodescendente", etc.

Até quando vamos deixar estas falhas abertas no nosso sistema de educação? Até quando vamos amargar nossos corações ouvindo dezenas de alunos afrodescendentes de 1º ano negando sua raça e se dizendo brancos? Até quando vamos deixar os "Marcos Felicianos" amaldiçoarem as pessoas dessa maneira ignorante, em nome de seu deus? Quando vamos ensinar que não existe cabelo ruim, mas gente ruim? Quando vamos ter uma educação multicultural, para todos? Quando o lápis marrom e o preto começarão a ser chamados cor de pele?

sábado, 15 de junho de 2013

Crianças invadem as redes sociais!


É impressionante a velocidade com que repentinamente as crianças entraram no facebook. Meus alunos do 4º ano só falam disso agora! E a rede social, assim como nossa sociedade, é visualmente apelativa, e isso ajuda eles a se tornarem cada vez mais precoces, se espelhando no visual do adulto, e são espantosamente bem sucedidos nisso, mas junto com essa maturidade visual e comportamental, vem uma educação mais madura? Falamos com nossas crianças sobre os problemas e responsabilidades dos adultos, que eles querem ser cada vez mais cedo? Existe um tempo determinado para ser criança? O quê é "ser criança"? Quando vamos abrir os assuntos e destruir os tabus? Os pais tem acompanhado os seus filhos enquanto eles acessam a internet? Rede social não é apenas para maiores de idade? O quê é a vida social de uma criança?

Quando vamos aceitar, refletir, discutir, replanejar e mudar isso? Vamos deixar as crianças correrem os riscos de uma rede social, simplesmente expulsá-las de lá ou criar uma rede só para elas, segregando ainda mais? E os pais, vão cumprir o seu papel de educadores ou a escola vai ter que assumir mais este compromisso? E se mais essa responsabilidade for jogada para cima da escola, eu, professor, vou poder instruir e falar livremente sobre tudo com meus alunos, ou o pai que relegou - ou teve esta responsabilidade relegada à mim - ainda vai poder reclamar e se meter no meu trabalho? Onde estará a autonomia do professor nisso tudo?


São questões para se pensar! Questões sérias e urgentes!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Agressividade visual - Propaganda

Quando nós, "chatos" da área das Artes, batemos na tecla de que nossa sociedade é visualmente apelativa e que devemos educar nossas crianças para estarem preparadas para ela, não estamos brincando. A imagem tem apelo, e um indivíduo escravo da imagem é uma vítima fácil... Vejam a apelação absoluta e frenética deste comercial da Adidas que fui obrigado a assistir no YOUTUBE:

É um vídeo que nem sequer se preza a ter coerência estilística! Não passa de uma fusão desagradável de temas diferentes ao som de música eletrônica dubstep; uma propaganda agressiva que quer estimular qualquer um, e por isso mistura de tudo, de corrida de carros em videogame ao espírito selvagem de animais caçando na savana africana. O importante é que você fique preso com as imagens frenéticas e ame mais a marca deles e os seus produtos!

E termina com as frases "Vencedores nunca desistem!" e "Carregue - de nitro - o seu jogo! Carregue agora!", no imperativo... Para carregar, compre! Compre esta chuteira de mal gosto! Compre este calçado esportivo superfaturado! Seja feliz!

Pense nisso! Eduque os seus filhos e alunos para não "devorarem" as imagens sem ler nas entrelinhas!

Homem Pré-histórico

Quem não teria essa cara de rabugento, vivendo na pré-história? ^^